quinta-feira, 15 de julho de 2010

EU RECOMENDO

DEPOIMENTO DA ARTISTA:
A cor que liberta da utilização descritiva e literária, deve ser tomada com toda a riqueza da sua vida própria. O tema pode ser criado pela construção colorida apenas ou por mera alusão.***
As relações entre as cores são como as relações numéricas. O nascimento de um quadro faz-se em função de ritmos, ou seja, do abstrato. Tudo se processa interiormente. Constroem-se pela cor e prepara-se no espírito. Sua execução final não permite reflexão.***
Um pintor trabalha sempre e não apenas diante do cavalete. É preciso que cada uma das suas intervenções atinja a expressão de uma nova pesquisa, ou antes, um aperfeiçoamento do ele há de procurar toda vida exprimir. As cores são notas de uma linguagem poética que exprime estados de alma. Temos de partir de novas bases para construirmos. É-nos necessária humildade diante desse trabalho e perante nós próprios.***
O ofício do artista é indispensável à criação social mesmo nos domínios práticos. A obra de arte autêntica é expressão da vida interior. Por ser uma obra completa e harmoniosa essa deve ser alicerçada em um ofício real e prosaico de trabalho e pesquisa.***
Agora se trata de reaprender a pintura. Para isso importa encontrar criatividade, técnica, conhecimento e sensibilidade.***
Abre-se uma visão de infinita riqueza ao que sabe olhar as relações das cores entre si, os contrastes dissonâncias... E os efeitos de umas cores agindo sobre outras. A isso vêm juntar o ritmo – o elemento essencial da composição – que é a estrutura básica: o movimento baseado nos números. Como na poesia escrita, não é a conjunção das palavras que conta; é o mistério criado que origina (ou não) um valor emocional. E assim acontece com as cores: é poesia o mistério de uma vida interior que se desprende, irradia e comunica. A partir daí pode-se criar livremente uma linguagem nova.